O Quadrilátero Ferrífero, localizado na região centro-sudoeste do estado de Minas Gerais, constitui uma das mais importantes áreas de reserva mineral do mundo, além de abrigar uma série de atrativos ambientais e históricos de interesse turístico.

Se você é um estudante ou profissional de Geociências e deseja aprofundar o seu conhecimento sobre esta região, a GeoSense criou este conteúdo exclusivamente dedicado a apresentar sucintamente a estrutura geológica e geomorfológica do Quadrilátero Ferrífero e as suas implicações para a exploração mineral, meio-ambiente e turismo.

O Que é o Quadrilátero Ferrífero?

O Quadrilátero Ferrífero abrange uma área de aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados na região centro-sudoeste do estado de Minas Gerais.

A região recebe este nome por ser delimitada por relevantes formações geológicas que dão origem a um polígono similar a um quadrado, formando uma região na qual se localizam as maiores reservas minerais de ferro do Brasil.

Além de ser uma região responsável por grande parte da extração nacional de ferro, manganês e ouro, o Quadrilátero Ferrífero ainda abriga importantes cidades mineiras, constituindo a maior área urbana do estado de Minas Gerais.

Sendo palco de processos migratórios ligados a extração de ouro no século XVII, o Quadrilátero Ferrífero possui uma história marcada pela exploração mineral, abrigando ainda hoje grandes empresas mineradoras de relevância internacional.

O rompimento da Barragem de Brumadinho no ano de 2019 gerou uma profunda comoção nacional e chamou a atenção para a extração de minérios na região do Quadrilátero Ferrífero, que ainda registra outros desastres de ordem ambiental e social, como o rompimento da Barragem de Mariana no ano de 2015.

Esta região é de interesse especial para estudantes e profissionais de Geociências e os seus aspectos geológicos e geomorfológicos são fundamentais para que possamos entender com maior clareza a dinâmica de exploração mineral no estado de Minas Gerais.

Para facilitar o seu aprendizado, abaixo você irá encontrar uma descrição sucinta das principais características minerais do Quadrilátero Ferrífero e as suas implicações para o exploração mineral.

A Exploração Mineral no Quadrilátero Ferrífero

O Quadrilátero Ferrífero é composto por um complexo de serras, que juntas abrigam as maiores jazidas de minérios de ferro do estado de Minas Gerais.

Com formação geológica datada da era Pré-Cambriana, o Quadrilátero Ferrífero apresenta uma grande concentração de rochas com presença de minerais ricos em ferro, manganês e ouro, sendo estes, os principais produtos minerais explorados na região.

A produção de ferro na região do quadrilátero é tão relevante que no ano de 2008 ela representou aproximadamente 19% da produção mundial, sendo classificada como a segunda maior produtora de ferro do mundo.

Além das imponentes jazidas de ferro do quadrilátero, podemos citar a sua produção de ouro, atividade responsável pela intensa migração no final do século XVII que impulsionou significativamente a economia e povoamento da região.

Estima-se que mais de 1000 toneladas de ouro foram extraídas da região do quadrilátero entre os anos de 1700 e 1820, elevando o Brasil a categoria de maior produtor de ouro do mundo durante este período.

Em especial, podemos citar a produção referente às regiões de Sabará, Ouro Preto e Mariana, que abrigam importantes patrimônios históricos e culturais do estado de Minas Gerais e constituem uma das principais destinações turísticas da região.

Atualmente, a região do quadrilátero ainda possui relevantes depósitos de ouro localizados nas cidades de Barão de Cocais, Nova Lima e Caeté, que constituem um dos mais importantes polos de mineração aurífera do Brasil e do mundo.

Geomorfologia e Turismo no Quadrilátero Ferrífero

O Quadrilátero Ferrífero abriga uma série de formações geomorfológicas, pelas quais podemos observar didaticamente aspectos como relevo, estrutura, fosseis e minerais, fundamentais para o estudo da história geológica do Brasil.

Com sítios geológicos de importância cientifica e pedagógica, o Quadrilátero Ferrífero tem sido alvo de intensa pesquisa acadêmica desde o século XIX até os dias atuais.

Além disso, o quadrilátero ainda abriga importantes áreas de conservação ambiental, que movimentam grande parte do turismo ambiental na região.

Abaixo, apresentaremos brevemente as principais formações geomorfológicas do quadrilátero ferrífero, levando em consideração a sua importância para a geologia, meio-ambiente e turismo.

1 – Serra do Curral

Com mais de 11 quilômetros de extensão, a Serra do Curral, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, constitui um dos principais atrativos turísticos da capital mineira.

Esta serra é considerada o marco geomorfológico mais representativo da cidade de Belo Horizonte, além de ser um dos limites que delimitam o Quadrilátero Ferrífero.

O ponto mais alto da Serra do Curral é o Pico de Ferro, com 1.390 metros de altitude.

Com uma área de mais de 400 mil metros quadrados e recebendo centenas de visitantes nos finais de semana, o Parque da Serra do Curral é um dos principais atrativos para o turismo ecológico na região de Belo Horizonte.

As formações vegetais mais marcantes do Parque da Serra do Curral são os Campos Rupestres, de ocorrência em áreas rochosas no topo da serra e as fitofisionomias clássicas do Cerrado, com ocorrência gradativa entre o topo e a base da serra. 

Nas regiões adjacentes ao parque são comuns as fitofisionomias de Mata Atlântica, constituindo importantes corredores ecológicos para a preservação ambiental na região metropolitana de Belo Horizonte.

Além disso, ao norte da Serra do Curral estão localizadas as nascentes de grande parte dos córregos que abastecem a capital mineira, como o Córrego do Cercadinho e o Ribeirão Arrudas. 

2 – Serra da Moeda

Com uma extensão de aproximadamente 70 quilômetros e altitude média de 1.500 metros, a Serra da Moeda constitui uma das principais destinações turísticas do Quadrilátero Ferrífero. 

A Serra da Moeda e a Serra do Itabirito localizam-se em uma estrutura geológica nomeada de Sinclinal Moeda, contemplando a região oeste do Quadrilátero Ferrífero.

Esta estrutura abriga importantes cidades mineiras, como Moeda, Brumadinho, Nova Lima, Itabirito, Belo Vale, Rio Acima e Congonhas. Além disso, abriga duas importantes bacias hidrográficas, a do Rio Paraopeba à oeste e a do Rio das Velhas na porção centro-leste.

A Serra da Moeda é um dos mais importantes polos de extração de minério de ferro e manganês no quadrilátero, além de apresentar uma grande variedade de atrativos históricos e ambientais ligados ao turismo.

3 – Serra de Ouro Branco

A Serra do Ouro Branco se insere na porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero, apresentando um paredão de aproximadamente 17 quilômetros de extensão e altitude máxima de 1.568 metros.

Dando início a Cordilheira do Espinhaço, a Serra de Ouro Branco é um marco geomorfológico que divide três importantes bacias hidrográficas, a Bacia do Rio Paraopeba, a Bacia do Rio das Velhas e a Bacia do Rio Doce.

A Serra de Ouro Branco se insere em uma região de transição entre Mata Atlântica e Cerrado, apresentando também, em altitudes elevadas, fitofisionomias típicas de Campos Rupestres e possuindo atrativos de interesse especial para o turismo ambiental.

Distanciando-se apenas 110 quilômetros da capital mineira de Belo Horizonte, o Parque Estadual da Serra de Ouro Branco possui uma área de aproximadamente 7.520 ha e uma imensa variedade de atrativos naturais para o turismo ambiental.

Além disso, a cidade de Ouro Branco possui uma relação histórica com a extração de ouro no século XVII e XVIII e contempla uma série de atrativos históricos e culturais, caracterizando-se como uma região de intensa destinação turística.

4 – Serra do Caraça

Delimitando a porção sul do quadrilátero e localizada na Cordilheira do Espinhaço, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, a Serra do Caraça chama a atenção por apresentar as maiores altitudes registradas para o Quadrilátero Ferrífero.

O ponto mais alto da Serra da Caraça é o Pico do Sol, que possui uma altitude máxima de 2.072 metros.

A região abriga ainda outras formações geológicas de destaque, como o Morro da Caraça, Pico Inficionado, Pico da Carapuça, Pico da Canjerana, Pico da Conceição, Pico Três Irmãos e o Pico da Verruguinha, além de abrigar também uma série de estruturas espeleológicas, como a Gruta do Centenário e a Gruta de Bocaína.

Na parte central da Serra da Carraça ocorre ainda um acidente geomorfológico, caracterizando uma depressão de grandes proporções, denominada Garganta do Diabo.

O Parque Natural da Serra da Caraça abrange uma área de 11.233 ha em uma região tipicamente caracterizada pela transição entre Mata Atlântica e Cerrado, apresentando também fitofisionomias de campo rupestre em altitudes mais elevadas.

5 – Serra do Gandarela

A Serra do Gandarela, localizada na porção sul da Cordilheira do Espinhaço, aproximadamente a 40 km da capital mineira de Belo Horizonte, constitui um marco geomorfológico e uma das principais áreas de conservação ambiental da região.

Com altitude média de 1.086 metros e altitude máxima de 1.916 metros, a Serra do Gandarela apresenta formação geomorfológica típica da Cordilheira do Espinhaço.

Com abundantes recursos hídricos, a Serra do Gandarela é uma área fundamental para o abastecimento de aquíferos e representa uma importante área de drenagem para a bacia do Rio das Velhas e do Rio Doce, abastecendo grande parte da região metropolitana de Belo Horizonte.

O Parque Nacional da Serra do Gandarela, com área aproximada de 31.284 ha, localiza-se em uma região de transição entre Mata Atlântica e Cerrado e abriga uma de série fragmentos conservados de Mata Atlântica, constituindo corredores ecológicos fundamentais para a conservação ambiental na região do Quadrilátero Ferrífero.

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